No dia 2 de setembro de 2012, completei dez mil dias de vida. Naquele período, eu participaria de uma mostra independente paralela à Bienal de São Paulo. Pois pouco antes, por acaso, decidi contar quantos dias de vida eu tinha e me deparei com o número 9.900 e alguma coisa. A partir disso, criei a obra "Dez Mil Dias", onde coloquei 10.000 pequenos objetos pessoais dentro de uma maleta de madeira, cuja tampa era organizada em forma de grid, lembrando um calendário.
A obra atraiu a curiosidade do público que, sem restrições explícitas da minha parte ou da exposição, interagiu livremente: mexendo nos objetos, alterando suas posições no grid ou mesmo levando algum "dia" consigo.
Depois me surgiram pensamentos sobre o ato da contagem e senti o desejo de criar um ritual. Algo simples na execução, mas com espírito forte. Um giro de terra, talvez? Dez anos depois, por volta do dia 13.500, encontrei um contador numérico abandonado em uma locação industrial enquanto trabalhava na cenografia do filme Suçuarana (ver cenografias). Naquele momento, eu já tinha 90% do projeto, mas a montagem só começou no dia 13.993, exatamente.
foto | Tamás Bodolay